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segunda-feira, 21 de maio de 2012

BOLHA IMOBILIÁRIA AMERICANA


Muito se falou sobre a crise hipotecária nos Estados Unidos nos últimos meses, mas para os que não conhecem de perto os termos usados por especialistas, não compreendem o que aconteceu realmente, palavras como: bolha imobiliária (elevação irreal dos preços dos imóveis), subprime (hipotecas com maior risco de crédito nos Estados Unidos), entre outros.
Essa bolha foi gerada pela especulação no mercado hipotecário, onde os bancos precisavam emprestar dinheiro e não tinha a quem, pois todos estavam em situações confortáveis, bons salários, bons empregos, etc. Então começou as grandes ofertas de crédito, onde; eu comprei um apartamento há 10 anos por $300.000,00 financiado em 30 anos, que passou a valer 1,1 milhão de dólares. Os bancos de olho nessas crescentes valorizações me ofereceram em torno de $800.000,00, desde que desse meu apartamento como garantia. Aceitei o empréstimo, fiz uma nova hipoteca e peguei o dinheiro.
Vendo que os imóveis não paravam de valorizar, usei parte do dinheiro na compra de três (3) casas em construção, dando uma entrada de $400.000,00. Com o restante que recebi do banco, me comprometi com: carro novo importado, dei um carro novo para cada filho e a mulher, o resto do dinheiro compre mobílias novas para toda a casa, televisor de plasma de 63 polegadas, notebooks, renovei todos os guarda-roupas, etc. Tudo a crédito. Minha esposa sentindo-se rica, sentou o dedo no cartão de crédito.
Em agosto de 2007 começaram a correr boatos que os preços dos imóveis estavam caindo. As casas que havia dado entrada e estavam em construção caíram vertiginosamente de preço e não tinham mais liquidez (facilidade de vender)...
O negócio era re-financiar meu apartamento, usar o dinheiro para comprar casas e revender com lucro. Fácil....parecia fácil. Só que todo mundo teve a mesma idéia ao mesmo tempo. Havia muita casa no mercado para serem negociadas. As taxas que eu pagava começaram a subir (taxas pós-fixadas) e percebi meu investimento em imóveis se transformara num desastre.
Fui agüentando as prestações de meu apartamento re-financiado, mais as que comprei para re-vender, como milhões de compatriotas, mais as prestações dos carros, das roupas, dos notebooks, da tv de plasma e do cartão de crédito.
As casas que comprei para revender ficaram prontas e precisava pagar uma grande parcela. Só que neste momento achava que já teria revendido, mas, não havia compradores ou os que haviam só pagariam um preço muito menor que eu havia pago. Comecei a não pagar aos bancos a hipoteca do meu apartamento das três (3) casas que havia comprado como investimento. Os bancos ficaram sem receber de milhões de especuladores iguais a mim.
Optei pela sobrevivência de minha família e tentei renegociar com os bancos que não quiseram acordo. Entreguei aos bancos as três (3) casas que comprei como investimento, perdendo tudo que tinha investido. Quebrei. Eu e minha família paramos de consumir...
Milhões iguais a mim deixaram de pagar aos bancos os empréstimos que haviam feito baseado nos preços dos imóveis. Os bancos haviam transformado os empréstimos de milhões em títulos negociáveis. Esses títulos passaram a ser negociados com valor de face (valor original). Com a inadimplência dos esses títulos começaram a valer pó (chamados títulos podres).
Bilhões e bilhões em títulos passaram a nada valer e esses títulos estavam disseminados por todo o mercado, principalmente nos bancos americanos, mas também em bancos europeus e asiáticos.
Os imóveis eram as garantias dos empréstimos, mas esses empréstimos foram feitos baseados num preço de mercado desse imóvel... Preço que despencou. Um empréstimo foi feito baseado num imóvel avaliado em $500.000,00 e de repente passou a valer $300.000,00, mesmo pelos 300.000 não havia compradores.
Os preços dos imóveis eram bolhas (especulação), um ciclo que não se sustentava, como os esquemas de pirâmide, especulação pura. A inadimplência dos milhões, que atingiu fortemente os bancos norte americanos, que perderam centenas de bilhões de dólares. A farra do crédito fácil um dia acaba. Acabou.
Com a inadimplência dos milhões como eu, os bancos pararam de emprestar por medo de não receber. Paramos de consumir, pois não havia crédito. Mesmo quem não devia dinheiro não conseguia crédito nos bancos e quem tinha crédito não queria dinheiro emprestado por medo do cenário econômico que se criou.
O medo de perder o emprego fez a economia travar. Recessão é sentimento, é medo. Mesmo quem pode, pára de consumir.
O banco central americano começou a trabalhar de forma árdua, reduzindo fortemente os juros e as taxas de empréstimos interbancários. O mesmo também começou a injetar bilhões de dólares no mercado, provendo liquidez. O governo lançou planos de ajuda à economia sob forma de devolução de parte do imposto de renda pago, visando incrementar o consumo, porém essas ações levam meses para surtir efeitos práticos. Essas ações foram corretas e, até agora não é possível afirmar que os EUA estão tecnicamente em recessão.
Começou o efeito em cadeia, bancos começaram a quebrar, bolsas de valores no mundo todo despencaram mais de 50%.
O Brasil não foi afetado diretamente, o governo buscou se cercar de ações para evitar que os bancos brasileiros entrassem nessa quebradeira, mas a incerteza na economia mundial fez com que os bancos nacionais começassem a mudar sua postura quanto à liberação de crédito, diminuindo seus prazos de amortização e elevando as taxas de juros. Isso na verdade ajudou aos bancos aumentarem suas receitas, melhorando suas rentabilidades.

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